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terça-feira, 5 de junho de 2012

Hoje é a última chance na vida de assistir ao trânsito de Vênus






Astrónomos e numerosos amadores preparam-se para um acontecimento astronómico muito raro, o chamado trânsito de Vênus. Na noite de 5 de junho no hemisfério ocidental e na manhã de 6 de junho no hemisfério oriental, o planeta atravessará o disco solar em forma de um ponto negro bem visível.
Destaque-se que o astrónomo inglês Jeremiah Horrocks utilizou um óculo e uma folha de papel ao observar pela primeira vez o fenómeno em 1639. Naquela altura, os cientistas já sabiam da sua estranha periodicidade: os pares de trânsito se repetem de 8 em 8 anos, seguidos de longos intervalos de 121,5 e 105,5 anos.

O cientista russo Mikhail Lomonossov estabeleceu que o fenómeno aconteceria em 1761 e os seus preparativos não foram em vão. Prestando atenção aos extremos confusos de Vênus e à borda clara durante a separação do planeta do disco solar, Lomonossov concluiu pela primeira vez que Vênus tem atmosfera. Passados oito anos, o trânsito de Vênus foi observado no Taiti pelo explorador britânico James Cook. Já no século XIX, este fenómeno permitiu calcular mais exatamente a distância entre a Terra e o Sol.

Hoje, sabemso muito mais sobre Vênus. As suas nuvens densas foram atravessadas por raios de radares e foi elaborado um mapa do relevo do planeta. Estações espaciais soviéticas enviaram fotos da sua superfície. A distância entre a Terra e o Sol é medida com uma precisão de algumas dezenas de metros. Portanto, o valor deste fenómeno não é grande para a ciência, diz o astrofísico Igor Volkov:

"Simplesmente, este é um acontecimento raro que pessoas tentam observar, tal como um eclipse solar. Atualmente, o fenómeno não representa especial interesse científico. Contudo, muitas pessoas reúnem-se nos locais em que pode ser vista a passagem de Vênus diante do Sol para observá-la. Penso que agora as pessoas tentarão ver aquilo que foi visto por Lomonossov em 1761."

Contudo, nem todos os cientistas negam o valor científico do trânsito de Vênus. Desde os anos 90, foram descobertos mais de 770 planetas que giram em torno de outras estrelas. Muitos deles foram descobertos indiretamente, graças ao fenómeno do trânsito: passando diante da estrela, o planeta tapa um pouco o seu fluxo de luz que é medido com exatidão, diz o astrofísico Serguei Popov:

"O trânsito de Vênus é muito parecido com uma passagem de outro planeta através do disco de estrela, sendo possível ensaiar algumas metodologias."
Durante o trânsito, o espectro e o diâmetro de Vênus são um pouco diferentes em comparação com os reais. Extrapolando esta caraterística para a investigação de planetas que giram em torno de outros astros, podemos precisar o seu espectro e dimensões, assim como a composição das suas atmosferas. Por outro lado, comparando os dados das observações de Vênus durante o trânsito com os dados obtidos por aparelhos orbitais, podemos compreender melhor a estrutura da sua própria atmosfera e até a formação do seu clima.

O próximo trânsito de Vênus durará mais de seis horas e será visto quase em todas as regiões da Terra, à exceção da Europa Ocidental e da África. No Brasil, contudo, o fenómeno poderá ser observado apenas pelos habitantes dos estados de Roraima, Amazonas e Acre. Mas este não é um motivo de desilusão: muitos sites de Astronomia irão mostrar o trânsito em tempo real, enquanto os tripulantes da Estação Orbital Internacional irão tirar fotos de qualidade do fenómeno.

A próxima oportunidade de assistir ao trânsito de Vênus surgirá apenas em 2117. (Rádio Voz da Rússia

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