
Maria de Fátima Santos, ingressou na Aldeias Infantil
SOS Brasil, em 1984, como mãe social, e soma 28 anos
de dedicação através da maternidade intensiva, e cheia
de cumplicidade.
Uma mulher de coragem inabalável, presença indomável, com a palavra veloz e humanizada pela ternura, firme e equilibrada, ao longo de sua trajetória conquistou centenas de
coraçõezinhos, ao ponto de ser chamada de “Mulher Coração”. É considerada a grande heroína das crianças e adolescentes, modelo de cuidado e posicionamento para as outras mães.
Por diversas ocasiões, foi membro do Comitê de Gestão e tutora de mães substitutas.
Viajou para a Aldeia de Porto Alegre, a primeira do Brasil, semeara a segunda Missão SOS
no Brasil Central, a Aldeia de Brasília. Fátima devolvia gratidão e dava exemplo para as pioneiras do Sul do país.
Pela luz de seus olhos e carinhosos cuidados passaram 43 crianças, entre as quais 20 delas permaneceram entre 9 e 16 anos como seus filhos. Desde 1984, cada rosto, cada ano e
muita história tem sido o centro de conversas nos chás da tarde com os vizinhos e amigos.
Todos os Natais e Páscoas foram carregados de emoção, de sentimentos que cobriram
árvores e chamavam os “coelhinhos” para dançar em casa com seus filhos. Até peças de
teatro montou em casa, onde cada filho e filha protagonizava seu papel.
Maria de Fátima viveu grandes momentos como mãe e mulher na Organização. Olhando para
trás, sente que o tempo correu, o milênio chegou, o coração renovou e a idade não esfriou
seu fervor de amar e servir, desde quando chegara do nordeste brasileiro para uma aventura
No final de outubro do ano 2000, o coração de Fátima sente que pode parar e a vida deixar
de brilhar entre os seus. Os médicos diagnosticaram uma lesão que foi solucionada por uma
cirurgia. Na passagem do milênio e de coração “reformado” continuou a jornada com as suas
crianças. A diferença foi a chegada de um novo capítulo de vida com o advento das novas
leis brasileiras para a garantia de cada criança no lar onde nasceu.Um parecer técnico,
datada de 07 de março de 2001 e que fora assinado pelo gestor Nelson Peixoto, traz a
seguinte mensagem: “A equipe estudou e decidiu em que família Daniel faria parte como
filho; Fátima tem de acolher como ninguém para o bem estar desta criança com o histórico
que traz; apesar da saúde fragilizada, acreditamos ser a melhor casa lar”. Acolheu em sua
casa o pequeno Daniel, 5 anos. Providenciou um bolo. Adriano repartiu seu carrinho. Bianca
o beijou demoradamente. Cada irmão teve uma tarefa para abraçá-lo.
Em 2001, Daniel, com 5 anos de idade chegou para compor a família e encharcou a vida de
Maria de Fátima com as sementes amortecidas dos anos que cansaram seu coração e
entupiram suas artérias de emoção. As buscas se renovaram, ressuscitaram-se as
esperanças. Sobre a vocação, disse Maria de Fátima “por causa desses pequenos brotos
arrancados que encontraram o jardim para florescer. é que aqui estamos”. Sim, eles vão
fixar raízes, seus galhos vão solidarizar-se com outros, darão sombras ao meio dia, e
resplandecerão com o brilho em cada manhã orvalhada de luz. E dessa vez, nenhuma lei vai
torcê-los, reduzindo-os a “menores carentes”, amparados pela caridade alheia, porque são
sujeitos de direitos.
Mãe Fátima nos revelou que fora premiada na alvorada do novo milênio. Apesar de duas
pontes de safena, acreditava em seu coração novo e sofrido por tantas coisas que passou, para fazer seus caminhos de autonomia.
E, a cada Natal voltavam para tomar-lhe a benção: Antonio Ilson, Maria Avelina, Maria Rita,
Adriano. Esse último, menino quieto colocado pelo juiz para adoção. Entretanto, quando fazia
estágio de convivência com os possíveis futuros pais comportava-se para que ninguém o
quisesse adotar. Mas eis que um belo dia chega uma senhora de muita idade que se tornou amiga da mãe Fátima. Dias mais tarde, se descobriu ser a avó de Adriano. Daquela
amizade, começou o menino a entender para onde iria definitivamente. Escolheu sua avó e
levou Maria de Fátima para sempre em sua vida, onde aprendera a ser filho e a sentir o que é ter uma mãe de proteção.
Como que vivendo de lampejos em noites escuras, Fátima preferiu ver as estrelas que deu luz
e tornarem-se seus filhos nesses anos todos de amor a toda prova. E as amigas não
desmentem: “Essa Fatinha é uma fada, é mulher de sete vidas, de todas as horas para
aqueles que viu desabrochar para vida e a cidadania, uma leal companheira de caminhada”
.
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